Você entende o chamado de Deus para o
seu ministério? “Acima de tudo, é o Senhor que faz com que os homens
sejam pescadores de homens. Houve homens cujos dons eram limitados, mas
sua dependência no Senhor era sincera”. Geoffrey Thomas discorre sobre o
assunto no artigo abaixo:
Quem permanece no ministério cristão por toda uma vida de
serviço, a menos que ame esse trabalho acima de todos os outros, sendo
incapaz de fazer qualquer outra coisa além de pregar o evangelho e
pastorear o povo de Deus, para quem ele prega semana após semana? O
apóstolo Paulo escreve sobre um homem que “coloca o seu coração” neste
trabalho (1 Timóteo 3:1). Ele se esforça para fazer disso a suprema
vocação da sua vida. Ele não está falando sobre ambição egoísta por
prestígio e poder, mas sobre o grandioso privilégio que é cuidar do povo
que o Filho de Deus amou e por quem ele sofreu a morte de cruz. Assim
sendo, a primeira qualificação para o compromisso de uma vida com o
ministério pastoral é um forte desejo interior. Nossa vida é oferecida a
Deus para a edificação de seu povo e para a busca do perdido, até que
todos, juntamente com você, alcancemos a estatura da plenitude de
Cristo.
Claramente, esse anseio deve ser educado e informado. Deve haver uma
compreensão dos requisitos do Novo Testamento para o trabalho de
pastor-pregador, e não há lugar melhor para descobrir isso nas
Escrituras do que através da vida do apóstolo Paulo. Existem alguns
aspectos da sua vocação que são aqueles peculiares de um Apóstolo, mas a
maior parte da vida de Paulo — sua defesa da fé, seu estabelecimento
completo do evangelho da graça, seu caráter íntegro, seu zelo
incansável, sua sabedoria em lidar com as tensões de uma congregação —
serve de modelo para o ministério. Uma vez que você entender que o seu
trabalho deve ser focado principalmente no serviço ao Senhor, então você
terá o desejo de saber onde poderá melhor apreciar o que isso requer. O
Novo Testamento o ajudará, especialmente a vida de Paulo. Muitas vezes
você se perguntará: “Quem está apto para fazer esse trabalho?”, e é
essencial que você se pergunte isso ou o orgulho da função e seus
poderes, bem como os dons que você tem, vão destruí-lo.
Deixe que esse anseio também seja validado pelos homens mais
piedosos, justos e amorosos que você puder conhecer, cujo primeiro amor
seja o reino de Deus e seu Rei, e que queiram saber da credibilidade da
sua conversão, seu entendimento do trabalho de ministério, sua
fidelidade confessional, sua integridade moral, sua maturidade emocional
e de seu coração compassivo. Eles vão sondá-lo para garantir que você
não tenha “ideias bobas”, e poderão te dizer “não”, “sim” ou “espere um
pouco”.
Depois disso, o grande exército de ministros, pastores e evangelistas
que se manifestaram ao longo dos últimos dois mil anos da história da
igreja também o suprirão com centenas de exemplos de vocação para o
serviço de pregador. Os pais da Igreja, os Reformadores, os Puritanos e
muitos outros o fartarão como modelos ministeriais.
Juntamente com os que vieram antes, existem os modelos de hoje. Em
muitos aspectos, eles são os melhores, especialmente aqueles homens que
você conheceu que, pela providência de Deus, são seus contemporâneos.
Eles são um pouco mais velhos ou mais novos do que você, mas parecem ser
gigantes. Eles são cristãos há muitos anos; sentaram-se aos pés de uma
rica pregação bíblica; têm lido muito e desenvolveram opiniões sensatas
sobre o significado de passagens-chave, textos e doutrinas da Bíblia.
Você agradecerá a Deus por tê-los em sua vida. A amizade com eles no
seminário perdura desde a ordenação e ao longo das diferentes
peregrinações que Deus planeja para você. Nenhuma semana passa sem que
vocês se falem ao telefone e mandem e-mail um para o outro. Você
compartilha problemas pastorais, estratégias de gestão, livros recentes,
participação em conferências e as bênçãos e dificuldades da vida
ministerial. Quando o chamado para uma nova esfera chega até você, eles
são aqueles, depois de sua esposa, cujos conselhos e orações você mais
anseia. O ministério não é lugar para homens solitários ou sem amigos.
Se você tem a benção de ter um pregador como o seu exemplo, o perigo é
óbvio: você pode optar por imitar aqueles aspectos dos dons dele que
forem mais fáceis de reproduzir. É um perigo muito grande. Por exemplo,
você pode considerar o fato dele fazer poucas visitas domiciliares,
visto que sua paróquia se localiza no centro da cidade, como uma
justificativa para o seu abandono desta indispensável tarefa pastoral. É
essencial que você tenha mais de um modelo pastoral. Quanto mais
pastores você conhecer, mais fácil será a realização de um ministério
mais completo.
Acima de tudo, é o Senhor que faz com que os homens sejam pescadores
de homens. Houve homens cujos dons eram limitados, mas sua dependência
no Senhor era sincera. Alguns deles, como David Brainerd, sofreram com a
melancolia, mas foram feitos pescadores de homens. Com pouco
conhecimento da história da igreja, com poucos amigos ou uma congregação
espiritual para apoiá-los, eles foram, como José, armados com a Palavra
de Deus, ao coração de seus próprios Egitos e Reinos das trevas. Ao
lançarem-se a Deus, eles superaram poderosas tentações da carne e da
solidão da vida na prisão sem a voz amiga de outro cristão, e lá
subjugaram reinos poderosos e alcançaram as promessas de Deus de
construir a Sua Igreja, trabalharam em obras de justiça para as quais
olhamos e observamos, a partir de nossos estilos de vida atuais e
luxuosos, enquanto humildemente nos maravilhamos e repreendemos a nossa
autopiedade.